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Amorim, Maria Isabel Soares Parente Lajoso - Qualidade de vida e coping na doença crónica : um estudo em diabéticos näo insulinodependentes. Porto : [s.n.], 1999. 162, [18]. A diabetes mellitus é uma doença crónica, relativamente comum, que pode restringir as actividades quotidianas do doente, podendo a longo prazo conduzir a complicações e morbilidade consideráveis: retinopatia diabética, nefropatia, neuropatia e doenças cardiovasculares. Com a finalidade de prevenir o desenvolvimento destas complicações, a nível da glicose sanguínea deve ser tão próximo quanto possível dos níveis "normais". Como a vivência com a diabetes mellitus atinge todos os aspectos do quotidiano, os doentes têm, eles próprios, de ser capazes de auxiliar definitivamente o controlo da situaçõ metabólica. No entanto, existem consideráveis evidências de que a adesão a um regime adequado de controlo da diabetes é frequentemente negligenciado. O presente estudo está relacionado com a QV dos diabéticos não insulinodependentes e os seus esforços para lidar com os problemas postos pela doença e seu tratamento. Os diabéticos estão sujeitos a múltiplos desencadeantes de stress, fisiopatológicos e psicológicos, que podem ser uma ameaça para potenciais perdas e mudanças de estilos de vida, com efeitos que englobam medo, ansiedade, baixa auto-estima e sintomatologia depressiva. Percebem diferentes níveis de QV e podem exibeir diferentes mecanismos de coping no confronto com os desencadeantes de stress no seu dia a dia. A QV é um conceito complexo com diversas dimensões, contudo uma revisão da literatura, sugere um crescente consenso acerca da necessidade de um grupo mínimo de domínios que deve ser abrangido, que incluem o funcionamento físico, o psicológico, o social e o cultural. As teorias do stress e da adaptação à doença dão-nos psitas de como os indivíduos lidam biológica e psicologicamente com os acontecimentos de vida desencadeantes de stress, permitindo aos técnicos de saúde compreender como as pessoas poderão reagir, possibilitando-lhes distinguir entre situações adaptativas ou maladaptativas, situações estas directamente relaciondas com a saúde mental e a QV. O completo bem-estar físico, mental e social e não só a ausência de doença que a OMS identifica como estado de saúde, exige do homem um equilíbrio constante consigo e com o seu próprio meio. Quando se pretende ajudar as pessoas a tornarem-se saudáveis, não mais nos referimos exclusivamente a ajudar a recuperar de uma doença física, mas ainda à necessidade de atender também os aspectos psico-sociais, numa visão holística do ser humano. Um indivíduo com uma doença crónica pode precisar de ajuda para fazer adaptações emocionais, comportamentais e sociais, pretendendo-se deste modo uma oportunidade de estruturação da compreensão da própria doença e criação de estratégias de coping eficazes para melhorar a sua QV. A leitura de investigações produzidas, fizeram com que algumas interrogações se fossem levantando: quais os níveis de QV percebidos pelos diabéticos não insulinodependentes que povoam os nossos Centros de Saúde em relação à população geral? Qual a relação entre sintomatologia depressiva e diabetes mellitus? Quais os mecanismos de coping utilizados pelos diabéticos face a situações de stress desencadeadas pela doença? Qual a relação entre estes mecanismos, a doença e a QV? Assim, fomos estruturando o presente estudo, em torno da QV dos diabéticos e dos factores que nela interferem. Este trabalho desenvolver-se-à, fundamentalemnte em duas partes: Numa primeira parte, efectuaremos uma breve análise dos conceitos de Saúde QV. Abordaremos ainda o impacto que uma doença crónica, especificamente a diabetes mellitus, tem na QV. A segunda parte descreve-se a investigação de campo efectuada, com a definição dos objectivos de estudo, da população e métodos, seguida da apresentação e discussão dos resultados e conclusões inerentes.
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